Por um lado sinto vontade de gritar ao mundo tudo o que está preso cá dentro, mas por outro, parece que não tenho nada a dizer. As vezes apetece-me escrever. Apetece-me dizer aos outros como me sinto, personificar as minhas lágrimas e a minha tristeza, mas sinceramente, quem é que estará interessado nos meus devaneios?!
Perdi a minha cor. Sinto-me a preto e branco, como um desenho animado antigo totalmente ultrapassado e esquecido.
A vontade de fazer o que quer que seja fugiu e eu não a consigo apanhar, e a força de vontade...essa, guardei-a tão bem guardada que agora não a consigo encontrar...
'Ó sino da minha aldeia,
dolente na tarde calma,
cada tua badalada
soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
tão como triste da vida,
que já a primeira pancada
tem um som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
quando passo triste e errante,
és para mim como um sonho,
soas-me sempre distante...
A cada pancada tua,
vibrante no céu aberto,
sinto mais longe o passado,
sinto a saudade mais perto.'
Fernando Pessoa
Nada melhor que este poema para expressar aquilo que eu não consigo fazer...
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