No outro dia estive com aquela pessoa que em tempos fez o meu coração bater mais rápido...Combinámos encontramo-nos no sitio onde sempre nos encontrava-mos sempre. À hora prevista lá estava ele, e eu como sempre, atrasada, ia a caminho, metade de mim com vontade de correr para chegar mais rápido e a outra metade com vontade de voltar para traz.
Cheguei, cumprimentamo.nos e ficamos ambos sentados a olhar para a lua, sem nenhum dos dois ser capaz de emitir um som sequer. Tanto silêncio começava a ser constrangedor, então eu sugeri que fossemos andar até à praia, talvez a caminhada fizesse alguma palavra formar-se nas nossas bocas mudas.
Uma hora depois chegamos a praia. A noite estava agradavél e ouvir o som das ondas a bater na areia quase que me fazia esquecer a verdadeira razão de estar ali. Sentamo-nos num banco, cada um na sua ponta, tal e qual como dois estranhos na estação do comboio. O tempo foi passando e as palavras continuavam a fugir, até que eu disse ' Já percebi que não há muito a fazer. Se nem uma palavra conseguimos dizer um ao outro como é que será possível pôr para traz das costas todos os erros do passado e seguir-mos em frente?!'. Ele olhou para mim com os seus olhos castanhos muito abertos e disse a mesma coisa que disse vezes e vezes sem conta ao longo do tempo que passou 'Eu gosto de ti, mas é tudo muito complicado!'.
Olhei para ele e acenei com a cabeça. Razão tinha eu em querer voltar para casa!
Eram cerca de umas quatro da manhã e tudo à nossa volta estava deserto. Deixei-me ficar, sentada a ver o mar, a contemplar a lua e a contar as estrelas. O tempo foi passando e o sol começou a aparecer no horizonte, por traz dos rochedos e do farol. Olhei para ele, para confirmar se ainda lá estava ou se se tinha transformado em ar sem eu dar por isso e disse 'Até um dia então'.
Continuei a olhar para ele à espera de um som, mas em vez disso a única coisa que vi no seu rosto foi uma lágrima. Podia esperar tudo, menos aquilo! Pensei em abraça-lo, mas fazer isso era esquecer tudo o que já tinha acontecido, e se ele não esqueceu, porque haveria de ser eu a fazê-lo?
Agarrei na minha mala e caminhei vagarosamente na direcção da madrugada. Pensei em olhar para traz uma ultima vez, mas não o fiz. Quando já ia a sair do areal a razão e perdeu-se, voltei-me para traz, mas era tarde demais, ele já lá não estava e agora tenho a certeza que nunca mais estará...
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