domingo, 24 de abril de 2011

Boa Páscoa para todos os meus amigos e leitores!

Complexidade dos factos

   À uns anos, à muitos anos mesmo, devia eu ter uns 14 ou 15 anos, conheci um rapaz.
   Eu era uma miúda, completamente ingénua e tresloucada, e um dia, no meu baile de finalistas (onde fui simplesmente por engano), conheci esse tal rapaz.
   Tinha-me chateado com um dos meus pares do baile, (sim, porque eu arranjo confusão onde quer que vá) e decidi vir para a rua apanhar ar. Estava eu descalça (pois andar de saltos altos quando se é uma criança é COMPLICADO e DOLOROSO) sentada na beira do passeio quando passou um carro e parou perto de mim. Saiu de lá um rapaz LINDO (pelo menos foi o que eu achei na altura) e veio perguntar-me se eu precisava de ajuda. Expliquei-lhe a situação e ele entendeu que eu nem 15 anos tinha e ele, aluno do primeiro ano da faculdade, pouca importância me deu.
    Troca-mos os números de telefone, acho que mais por pena do que por qualquer outra razão, e ele foi-se embora e eu voltei para dentro. Contei as minhas amigas a coisa maravilhosa que me tinha acontecido, e se não fosse o número de telefone escrito num papel com uma letra que não era a minha, ninguém teria acreditado.
    Os dias passaram, e eu como tímida que era nunca lhe mandei nenhuma mensagem, mas olhava ansiosamente para o telemóvel com esperança que houvesse um milagre e ele me mandasse uma sms. Um dia, mandou! Emocionei-me, passei-me, e sei lá que mais acabado em ei-me. Eu era uma miúda e ele mais velho e lindo, que poderia eu querer mais?! Achei aquilo tudo maravilhoso, fiz montes de filmes na minha cabeça, pensei que estava a viver algo como a história da Cinderela (as crianças são mesmo inocentes e pirosas!). Mensagem para aqui, mensagem para ali e ele convidou-me para sair! Claro que não fui capaz, era demasiado insegura para conseguir sair com um rapaz. Disse que não e nunca mais lhe falei.
   Ele adicionou-me no hi5, e via a minha pagina regularmente, e agora, à algum tempo adicionou-me no FaceBook. Fui ver a página dele e continua tal qual como era. Deixou-me algumas mensagens a perguntar como estava, mas dei pouca importância à coisa, até que, na Sexta-feira recebi uma sms dele a convidar-me para sair! Ao fim destes anos todos ainda tem o meu numero!? Fiquei estupefacta confesso!
   Tudo isto é demasiado complexo para mim. Sinto-me uma espécie de experiência que foi observada ao longo do tempo e cuja evolução até se verificou agradável.

sábado, 23 de abril de 2011

'A minha alma caíu e partiu-se como um vaso vazio'

   Tenho andado ausente...ausente do mundo, ausente de mim própria.
   Por um lado sinto vontade de gritar ao mundo tudo o que está preso cá dentro, mas por outro, parece que não tenho nada a dizer. As vezes apetece-me escrever. Apetece-me dizer aos outros como me sinto, personificar as minhas lágrimas e a minha tristeza, mas sinceramente, quem é que estará interessado nos meus devaneios?!
   Perdi a minha cor. Sinto-me a preto e branco, como um desenho animado antigo totalmente ultrapassado e esquecido.
   A vontade de fazer o que quer que seja fugiu e eu não a consigo apanhar, e a força de vontade...essa, guardei-a tão bem guardada que agora não a consigo encontrar...

 'Ó sino da minha aldeia,
 dolente na tarde calma,
 cada tua badalada
 soa dentro da minha alma.

 E é tão lento o teu soar,
 tão como triste da vida,
 que já a primeira pancada
 tem um som de repetida.

 Por mais que me tanjas perto
 quando passo triste e errante,
 és para mim como um sonho,
 soas-me sempre distante...

 A cada pancada tua,
 vibrante no céu aberto,
 sinto mais longe o passado,
 sinto a saudade mais perto.'
Fernando Pessoa

   Nada melhor que este poema para expressar aquilo que eu não consigo fazer...

terça-feira, 5 de abril de 2011

   'Não tenho ambições nem desejos.
   Ser poeta não é uma ambição minha.
   É a minha maneira de estar sozinho.'

Alberto Caeiro

Coragem?! Sim, talvez e porque não?!

    Na Sexta-feira, mais um dia de greve, em que saí de casa as 8h30 da manhã e só cheguei à faculdade 2h depois (o que faz com que tenha cehgado meia-hora atrasada).
   As vezes gostava de saber porque é que ainda me dou ao trabalho de ir as aulas nesses dias, mas supostamente 'o que tem que ser tem muita força'...
   Nessas duas horas de caminho consegui discutir com o meu pai e chatear-me, o que quase me estragava a boa disposição matinal!
   Mas sabem o que é mais 'engreçado'? è que apesar do meu atraso, a minha querida e adorada professora conseguiu chegar ainda mais atrasada que eu! Bem, cehguei à sala, onde estavam cerca de cinco pessoas, e decidi fumar um cigarro, para me preparar para o suplicio que se adivinhava. Enrolei um cigarro e vi que não tinha isqueiro. Pedi a duas raparigas que conheço, mas como nenhuma tinha, nada melhor que aproveitar a ocasião e pedir ao tal rapaz! Com uma grande lata pedi-lhe o isqueiro, levei-o comigo e só lho devolvi depois.
   Não sei bem se fiz bem ou mal, mas não perdi nada em tentar, pois toda a vida ouvi dizer que 'quem não arrisca não petisca'!

Tardou mas chegou!

   Tomei uma decisão!
   Acabaram-se as compras, as idas ao cabeleireiro, os instantes passados à frente do espelho, acabaram-se os actos fúteis e consumistas!
   Nunca eu me preocupei com a minha aparência, porquê agora fingir que sou bonita?
   Não há qualquer razão parar comprar vestidos e saias bonitas, nem camisolas ou qualquer peça que possa ficar suada, porque por mais caras ou 'fashions' que sejam não escondem aquilo que está por baixo, EU.
   Acabou-se o heterónimo Margarida Ana e vamos voltar simplesmente à Ana Margarida ortónima. 'Fingir' é tempo perdido...

'Uma flor acaso tem beleza?
Tem baleza acaso um fruto?
Não: tem cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
(...)
Não Significa nada. (...)'
Alberto Caeiro