sábado, 23 de abril de 2011

'A minha alma caíu e partiu-se como um vaso vazio'

   Tenho andado ausente...ausente do mundo, ausente de mim própria.
   Por um lado sinto vontade de gritar ao mundo tudo o que está preso cá dentro, mas por outro, parece que não tenho nada a dizer. As vezes apetece-me escrever. Apetece-me dizer aos outros como me sinto, personificar as minhas lágrimas e a minha tristeza, mas sinceramente, quem é que estará interessado nos meus devaneios?!
   Perdi a minha cor. Sinto-me a preto e branco, como um desenho animado antigo totalmente ultrapassado e esquecido.
   A vontade de fazer o que quer que seja fugiu e eu não a consigo apanhar, e a força de vontade...essa, guardei-a tão bem guardada que agora não a consigo encontrar...

 'Ó sino da minha aldeia,
 dolente na tarde calma,
 cada tua badalada
 soa dentro da minha alma.

 E é tão lento o teu soar,
 tão como triste da vida,
 que já a primeira pancada
 tem um som de repetida.

 Por mais que me tanjas perto
 quando passo triste e errante,
 és para mim como um sonho,
 soas-me sempre distante...

 A cada pancada tua,
 vibrante no céu aberto,
 sinto mais longe o passado,
 sinto a saudade mais perto.'
Fernando Pessoa

   Nada melhor que este poema para expressar aquilo que eu não consigo fazer...

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